25 de março de 2011
Engordara tanto que decidiram isolá-la em um quarto, reforçando a cama. Em pouco tempo ultrapassou, mesmo de lado, a largura do umbral da porta, e já não podia sair. Levantava-se apenas para evitar as escaras, e caminhava dentro do quarto. Comia. Via televisão. Mais da metade do alimento da cidade ia para ela. Decidiram cobrar ingresso para os viajantes poderem vê-la. Seria uma retribuição. Suportou calada os rostos estranhos em sua porta. Nessas horas desligavam a TV e tiravam seus lençóis que cobriam su corpo, para que ficasse bem visível. Deu certo. Um pequeno fluxo de turístico começou. Reportagens começaram a ser escritas a respeito dela. Bateu o recorde de peso, ganhou um prêmio por isso.
Mas veio um período de grande seca em toda aquela região. Murcharam os arrozais e o lamento do gado sedendo chegava até seu quarto. Não havia como alimentá-la. Começou a perder peso. Todos deixaram a cidade, menos ela, pois não passava pelo umbral, e mesmo ue quebrasse a parede não sobreviveria ao esforço migratório. Ficou sozinha, com bastante água no quarto, alimentando-se da gordura que por tanto tempo acumulada. A TV não funcionava. Ela fitava o teto, olhando as sombra dos móveis se moverem, Nenhum ruído chegava, porque nada estava vivo.
Então, um dia, levantou-se como de costume, para evitar as escaras, e percebeu que estava tão magra que passaria facilmente pelo umbral da porta do seu quarto. Tinha aquela pele flácida dos muitos gordos quando emagressem. Tomou coragem e atravessou a linha mágica, e depois uma segunda, a da porta da frente, que à levou até a antiga avenida da cidade fantasma. Ergueu os braços para o céu e ordenou chuva. As nuvens se formaram prontamente, em grandes maciços de chumbo, e choveu abundantemente na região. O gado se levantou do chão, onde estava morto, a polma dos frutos secos ficou úmida e o pio dos pássaros se fez ouvir novamente. Mas não permitiu que voltassem as pessoas, e quem se aproximasse de sua cidade, tentando chegar em casa, a deusa gorda matava de longe, dos modos mais variados.
Fim!

Um beijo.

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Clara.Idade: 19.Falar a verdade não careço de muita lógica. Ou de mim se gosta ou esquece. Por gosto mesmo ficava de papo pro ar. Mas o que me faz feliz e apetece é cheiro de vinho, cabelo lavado, de escrever poesia pulando os dias, de frapê e filme iugoslavo. Qualquer dia desses faço feito Santos Dumont e construo minha casa na árvore.
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O que é pior: chegar ao fundo do poço ou continuar caindo?'' -Prá virar cinza minha brasa demora!
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