9 de dezembro de 2014

Eu espero alguém que não desista de mim mesmo quando já não tem interesse.
Espero alguém que não me torture com promessas de envelhecer comigo, que realmente envelheça comigo.
Espero alguém que se orgulhe do que escrevo, que me faça ser mais amigo dos meus amigos e mais irmão dos meus irmãos.
Espero alguém que não tenha medo do escândalo, mas tenha medo da indiferença.
Espero alguém que ponha bilhetinhos dentro daqueles livros que vou ler até o fim.
Espero alguém que se arrependa rápido de suas grosserias e me perdoe sem querer.
Espero alguém que me avise que estou repetindo a roupa na semana.
Espero alguém que nunca abandone a conversa quando não sei mais falar.
Espero alguém que, nos jantares entre os amigos, dispute comigo para contar primeiro como nos conhecemos.
Espero alguém que goste de dirigir para nos revezarmos em longas viagens.
Espero alguém disposto a conferir se a porta está fechada a cafeteira desligada, se meu rosto está aborrecido ou esperançoso.
Espero alguém que prove que amar não é contrato, que o amor não termina com os nossos erros.
Espero alguém que não se irrite com a minha ansiedade.
Espero alguém que possa criar toda uma linguagem cifrada para que ninguém nos recrimine.
Espero alguém que arrume ingressos de teatro de repente, que me sequestre ao cinema, que cheire meu corpo suado como se ainda fosse perfume.
Espero alguém que não largue as mãos dadas nem para coçar o rosto.
Espero alguém que me olhe demoradamente quando estou distraído, que me telefone para narrar como foi seu dia.
Espero alguém que procure um espaço acolchoado em meu peito.
Espero alguém que minta que cozinha e só diga a verdade depois que comi.
Espero alguém que leia uma notícia, veja que haverá um show de minha banda predileta e corra para me adiantar por e-mail.
Espero alguém que ame meus filhos como se estivesse reencontrando minha infância e adolescência fora de mim.
Espero alguém que fique me chamando para dormir, que fique me chamando para despertar, que não precise me chamar para amar.
Espero alguém com uma vocação pela metade, uma frustração antiga, um desejo de ser algo que não se cumpriu, uma melancolia discreta, para nunca ser prepotente.
Espero alguém que tenha uma risada tão bonita que terei sempre vontade de ser engraçado.
Espero alguém que comente sua dor com respeito e ouça minha dor com interesse.
Espero alguém que prepare minha festa de aniversário em segredo e crie conspiração dos amigos para me ajudar.
Espero alguém que pinte o muro onde passo, que não se perturbe com o que as pessoas pensam a nosso respeito.
Espero alguém que vire cínico no desespero e doce na tristeza.
Espero alguém que curta o domingo em casa, acordar tarde e andar de chinelos, e que me pergunte o tempo antes de olhar para as janelas.
Espero alguém que me ensine a me amar porque a separação apenas vem me ensinando a me destruir.
Espero alguém que tenha pressa de mim, eternidade de mim, que chegue logo, que apareça hoje, que largue o casaco no sofá e não seja educado a ponto de estendê-lo no cabide.
Espero encontrar uma mulher que me torne novamente necessário.

-Carpinejar
8 de dezembro de 2014

A justiça é uma das primeiras verdades que afloram ao espírito humano. Quando crianças nós começamos a perceber o que é nosso por direito, começamos a ter sentimento de posse quando nosso colega pede para brincar com seu jogo favorito. Ao longo da vida vamos aprendendo a dividir esses direitos, aprendendo a reconhecê-los de forma justa. Aprender que devemos tentar sermos educados em todos os sentidos. Bater a porta do quarto ou o pé no chão não muda nada, só estressa a todos. Fazemos isso porque gostamos de chamar atenção, quando a gente sente raiva e levanta rápido querendo ir embora fazendo escândalo, queremos que a outra perceba que está furioso. A gente reza para que o outro não só tome um susto, como também faça alguma coisa, é uma forma violenta de pedir socorro, de implorar uma solução. Caso contrário, sairíamos da forma mais discreta possível.
Se trocarmos o termo brinquedo por pessoa, a lógica não é muito diferente. Quase sempre estamos metidos em um conflito, a todo tempo temos que retomar a semente do justo presente na nossa consciência. É muito decepcionante quando algum amigo que eu espero tanto que me compreenda que pegue na minha mão e compre minhas brigas junto a mim pegue o beco. Eu sei que quando sentimos raiva tudo isso fica mais difícil, mas, eu também sei que é muito fácil amar as qualidades dos outros, o verdadeiro amor está em ter que suportar as chatices, a ligação do outro dia que você esqueceu ou a culpa que você me deu sem eu ter. Eu fico aqui esperando o dia em que vocês desçam desse trono e percebam que a fase do ‘’não fale mais comigo’’ já passou. Que eu já devolvi o seu brinquedo e pedi desculpas pelo arranhão que desbotou um pouco a pintura, que você já pode me desculpar. Existe coisa mais bonita do que alguém pedindo perdão? Alguém dispondo do seu orgulho/ego para ter você de volta?
Dependemos fielmente do resto do mundo, a maioria de nós passa um bom tempo debaixo das asas dos nossos pais, e isso não é suficiente para esclarecer isso? Se sua mãe diz para não correr porque se não você vai cair, e mesmo assim a gente pega logo uma carreira, que é mermo que pedir ‘’Corra, por favor’’, ela vai está lá para fazer um curativo. E é por isso que família seja como for é o maior sinônimo de amor verdadeiro. Minha mãe nesse caso jogaria na minha cara que eu errei que dá próxima vez devo obedece-la, mas, mesmo se eu fizer de novo, do mesmo jeito, ela vai fazer outro curativo. Errando que se aprende. Essa frase é tão antiga, será possível que eu vou ter que desenhar pra esse povo? Se as pessoas a sua volta mesmo errando pedem desculpas, e demonstram que alguma coisa aprendeu com esse passo falso, é sinal que existe amor. Mesmo que passem anos, eu aposto que se esse alguém gostar de você, um dia irá atrás. É muito difícil confiar nos outros, mas ou corremos este risco ou nos tranquemos num quarto de vidro. É bom consertar os erros antes que seja tarde demais.
2 de dezembro de 2014

Esse muro foi construído por sua causa, eu percebo nesse ‘’mas Maria... ’’ que ainda tem muita esperança de todas as lembranças e do que poderia ter sido. Fingimos não nos conhecermos mais, temos que dizer que falamos com pessoas novas, beber vodka, cerveja e vinho na mesma noite pra ver se esquecemos de que o outro existe. Que no meu caminhar até o trabalho eu olhe para as algumas das sete bilhões de pessoas indo e voltando por mim e pense que alguém pode cruzar nesse caminho e me fazer até mais feliz.
Só sentimos raiva, por trás disso, de todas as brigas e escândalos sentimos amor, agora, amor impossível, é platônico. Nós ocupamos nossas rotinas, viajamos e começamos outro livro. Temos que dizer para cada membro da família que encontramos que não estamos juntos, temos que resumir da forma mais injusta possível dizendo ‘’Não estávamos nos entendendo’’. Eu não me lembro de ter começado um idioma diferente, a vontade é de dizer que não tivermos forças pra segurar a nós mesmos.
Quando nada disso serve, eu me engano dormindo. Seguro no cobertor como se fosse um salva-vidas, rezo pedindo sono. Sonho contigo. Esse ciclo tem um fim, mas esse fim é com relação à pessoa, porque os contos de fadas são sempre os mesmos.

Eu já escrevi da frase mais ordinária até o texto digno de uma reconciliação. Nada pode mudar sua decisão. Sinceramente? Não tenho certeza se desculparia tamanho atrevimento. Fiz os planos acreditando fielmente neles, se eu soubesse que não passaria de um ano, nem teria começado. Pra quê? Por quê? Não gosto de coisas insignificantes por perto, prefiro algo que seja fixo e eterno, que penteie meus cachos e diga que quer dormir ao meu lado.

Quem sou eu

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Clara.Idade: 19.Falar a verdade não careço de muita lógica. Ou de mim se gosta ou esquece. Por gosto mesmo ficava de papo pro ar. Mas o que me faz feliz e apetece é cheiro de vinho, cabelo lavado, de escrever poesia pulando os dias, de frapê e filme iugoslavo. Qualquer dia desses faço feito Santos Dumont e construo minha casa na árvore.
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O que é pior: chegar ao fundo do poço ou continuar caindo?'' -Prá virar cinza minha brasa demora!
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