5 de dezembro de 2020


Hoje eu acordei e pensei que meu peito fosse rasgar-se e meu coração fosse a tua procura.

Hoje eu acordei com o peito rasgando, queimando, papocando.

O coração trovejando.

Hoje eu acordei e prendi meu coração dentro do peito.



15 de novembro de 2020

 A quem posso admitir que não estou bem e que não melhoro?

Eles podem me internar...

Podem cortar minha bebida,

Ou pior

Sentir pena.

Eu tenho que esconder a saudade por você. 

Aguenta-la.

Segura-la.

Não suporta-la.

Meu amor virou sigilo, ele prende minha garganta, me faz chorar. Meu amor era uma mentira. Me tira o ar, o chão, me faz querer gritar.

Meu desejo é poder não mais acordar e de ti não lembrar. 


25 de junho de 2020


Assim como nos filmes, eu achei que você iria começar a rasgar o peito numa cena épica, num lugar marcante quem sabe, debaixo da chuva, debaixo da ponte. Mas foi como deve ser, banal e cotidiano. Eu lavando a louça, você limpando o chão. Odeio lavar louça, mas naquele momento odiei mais o que você disse. Foi o cenário perfeito até. Meus pés pesaram e eu quis sumir de algum jeito dali, mas, seria essa, justamente, uma cena típica duma comédia romântica. Ao contrário disso eu fugi pra cá. E é na sétima linha que tento dizer de alguma forma esse nó na garganta. Eu me perdi em você? Me deixei levar? Fui distraída? Qual o momento que pareceu da minha parte ser entretenimento romântico alheio? Sou uma pessoa de diversas algazarras, cachaça no peito com coração de ladeira. Não sou distração ou passatempo. Não há passado e futuro pra isso. Não existe amor que tenha sido folia comigo e tenha saído ileso, inocente, firme. Quer apostar? De novo? Hoje foi um espaço, uma lágrima que nos distanciou, amanhã, são minhas malas no carro.

3 de fevereiro de 2020


Você parece ver beleza na desilusão amorosa, como se fizesse parte do seu enredo indicar esse final. A princípio eu achei que tal comportamento fosse fruto de alguma esperteza, como se você fosse insustentável, arriscado e petulante diante do apego. Mas, logo vi diante da sua trajetória que isso era um disparate, com você mesmo me expondo, mais adiante, nesses mesmo verbetes românticos, o contrário. Eu vi no frescor dos teus olhos verdes a valoração, a abundância, a grande estima por ostentar amor. Acepções que não nos convence dessa sua carreira, que te faz passar ligeiro por irresistível. A gente quer o que não se pode ter, você parece inacessível pra quem te olha de baixo, inalcançável é o que quis dizer. Obviamente que em alguns incidentes, esse palavreado seu se fixa por si mesmo como consequência da própria essência do que te fez enxergar assim. De outro modo, fingindo ou não, seguindo aqui, a minha natureza, meus próprios antagonismos, posso dizer que também apreciei tais posturas tuas porque dá pra ver o charme, a aventura de se conquistar alguém. E foi assim que você se tornou o primeiro episódio em mim: um desafio. E foi assim que eu de cara não coube nos teus prazos. E foi assim que você cometeu seu primeiro erro comigo: me subestimar um tempo. Equívoco que os dois cometeram. Você disse um mês, eu disse três. Nesse momento ambos agiram como iniciantes. Nenhum amante, por mais distraído que fosse, veria essa conversa com inocência. A gente sem perceber planejou em formato de aposta boba um próprio tempo que passou a existir depois desse dia.
É que essas palavras, vistas assim, excedem os arredores do peito, movimentando ondas reveladoras na espera de serem captadas pelos arrepios da exatidão do que você poderia pensar sobre tudo isso. É o que ocorre nas poesias que escrevemos e lemos um para o outro, são frases, desfechos que assomam uma infinidade de interpretações e temperamentos. É uma das abstrações suas das quais eu gosto, a poesia. Foi na paquera mais típica de lugar-comum que meu rosto se entregou. E por mais que até essa linha eu esteja driblando pra te dizer o que já é evidente, eu coleciono outros momentos como entreguista. Como das vezes que acho bonito e atraente você jogando sinuca, olhando com o rabo do olho, sem deixar você notar, bebendo minha cerveja e desviando a concentração para minha mesa de bar. Ou dos filme juntos, e eu acho que você gosta quando chamo sua atenção para as falas e outros detalhes das cenas que as vezes você perde e a gente volta o filme umas três vezes. Há pessoas e palavras que se demonstram mais fáceis de compreensão, e não é esse texto, não sou eu ou você. Como também não faço questão de ser especial ou a escolhida por alguém, sou somente uma estrutura típica contada em língua informal escrita, falada ou lambida. Ou seja, não é do meu interesse provar a validade dessa declaração ou contestá-la, não se precisa aqui de uma concordância parcial, de algum tipo de refutação. Na verdade, somos só um período curto de intensidade dramática.

Quem sou eu

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Clara.Idade: 19.Falar a verdade não careço de muita lógica. Ou de mim se gosta ou esquece. Por gosto mesmo ficava de papo pro ar. Mas o que me faz feliz e apetece é cheiro de vinho, cabelo lavado, de escrever poesia pulando os dias, de frapê e filme iugoslavo. Qualquer dia desses faço feito Santos Dumont e construo minha casa na árvore.
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O que é pior: chegar ao fundo do poço ou continuar caindo?'' -Prá virar cinza minha brasa demora!
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