17 de dezembro de 2018
Eu sei que a vida não se resume em
palavras, alias a vida não se resume de forma alguma. A gente sente e pronto. Mas também é da nossa natureza teimar, pelo
menos a minha você sabe que sim. E apesar do curativo que aperta e esquenta meu
coração, me incomoda ter que refaze-lo diariamente, porque sempre que puxo, acaba
sangrando. Mas lembro-me que não posso deixar o peito aberto, às vezes até
machuco um pouco mais pra você ainda circular em mim. Minha pele em torno do
corte resiste em selar qualquer rastro seu, e sem perceber a cada dia vai
passando. Não posso dizer que me sinto confortada ou abençoada; longe disso, me
vejo desperdiçada. Como se o tempo tivesse sido injusto. Fiquei sem fôlego.
Ficamos. Mas quando nossa raiva passar vai restar seu sorriso lindo, nunca
havia me encantado por um sorriso antes, sempre vi muito brega a atração por
emoções tão óbvias. Julguei ser mais charmoso ser apaixonada pela sua altura,
era como subir e chegar ao lugar que era só nosso. Contigo meus dias preferidos
sempre foram os domingos, que já chegavam com a saudade da despedida da
segunda, tinha gosto forte de aperto. Hoje eu fujo dos domingos, comemoro as
segundas. O pessoal de casa ria e chorava com a gente, fomos uma novela agitada.
Os momentos viviam dentro, e nós éramos os atores. Porém, de repente você foi
saindo de cena e cada passo rasgava um pedaço de mim. Não sei se por
infelicidade da maldição que já havia contra nós, eu me acostumei com essa dor.
Não conseguia perceber que chegávamos ao final. Ficamos pálidos. Eu estava do
outro lado do mundo, vendo anoitecer enquanto ainda tinha sol pra você.
Enquanto eu terminava uma garrafa de vinho me perdia ao mesmo tempo. Álcool
limpa feridas. Tenho a intuição dolorosa de silêncio. Eu voltei com tantas
perguntas de onde você estava e com quem estava? Acreditei valorar tal
curiosidade. Mas vi que tais questionamentos só tinham importância à medida que
você estava dentro de mim. Agora é meu único desejo continuar ardendo e
findando o rastro, que sempre que pulsa, fisga um pouco, mas que acaba
assentando. Você vai virando uma cicatriz, fico feliz que nosso amor tenha sido
capaz de marcar o tempo e os corpos.
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Quem sou eu
- Maria Clara Rocha
- Clara.Idade: 19.Falar a verdade não careço de muita lógica. Ou de mim se gosta ou esquece. Por gosto mesmo ficava de papo pro ar. Mas o que me faz feliz e apetece é cheiro de vinho, cabelo lavado, de escrever poesia pulando os dias, de frapê e filme iugoslavo. Qualquer dia desses faço feito Santos Dumont e construo minha casa na árvore.
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“O que é pior: chegar ao fundo do poço ou continuar caindo?'' -Prá virar cinza minha brasa demora!-