Percebi que acumulei algumas palavras durante um tempo, por
descuido deixei todas elas girando dentro de qualquer relógio, temporada ou
estação. Talvez eu não quisesse mais escrever sobre esse sentimento em
específico, mas será que dele sou refém? E por que logo você me trouxe até aqui?
Nem você está aqui, nem eu aí. Basicamente a gente não existe se quer em
qualquer dimensão ou enquadramento. Esse texto não irá fazer o menor sentido e na
próxima parada qualquer que chamaremos de futuro eu verei o quanto estou
fazendo tempestade num copo d’água.
Carrego comigo duas
maldições para não gostar de alguém. A primeira consiste em apostar com o alvo:
eu digo em tom de brincadeira que quem se apaixonar primeiro perde, aperto as
mãos e como boa competidora sempre venço. E a segunda é assistir “500 days of
Summer” junto. Nos últimos três anos nenhuma das pessoas que me interessaram passaram
por tamanha infantilidade dessa narrativa toda. E no meu mundinho de flerte já
era para eu ter proposto algo do tipo a você. Por completa falta de organização
dos períodos, eu não quis calcular contigo, a leveza e naturalidade proposta na
sua presença me fizeram não negociar esse hipotético qualquer eu e você.
Esse papel de não corresponder é meu, mas parece que fui
rebaixada de Summer para Tom. E olhe que nesse tempo já passei pelo platônico
factível com orientador, manauara e amores de uma noite só. Obviamente há um
problema na ordem de colocação e ênfase nesse meu lero-lero. Perdi a conta de
quantas noites tivemos, mas na descrição romancista, muitas das suas
particularidades foram sublinhadas por um cenário completamente distrativo.
A exatidão dos pormenores e a falta de sobriedade da nossa locução
todinha se perderam naquele amontoado de livros e CDs. Você me levou para o
lugar mais confortável do mundo, me senti numa biblioteca fora de ordem. E
lá eu estava fuçando página por página de coluna em fileira de toda aquela
expressão literária. Comunicação essa que se estendeu até seus braços e quando
percebi, eu estava também acordando nessa casa dos livros. E apesar de você ser
essa proposição afirmativa sem correspondente, não posso deixar de pontuar o
quanto você é formidável comigo. Esses outros fulanos do passado recente foram
incapazes de me enxergar e me trataram mal. Talvez tenha disso também, por um
tempo me deixei acreditar nessa visão embaçada desse povo. Meu testemunho atual
então é fugir dessa uniformização de indisponibilidade, de quem olha e não vê. Seriam
esses os resultados de algumas implicações didáticas ora apresentadas pela
minha memória e que devo honrar.
Em resumo eu preciso achar um jeito de não te ver mais.
Para escrever, a melhor caneta é a fluida, aquela que a letra desliza.
O papel ideal é o que cabe.
Lembrei da paixão e por mais inacreditável que pareça, a caneta parou de funcionar.
Foi como um despertar para não me deixar levar.
E com você em mente torço para segunda caneta começar a falhar.
Desejo que acabe a tinta porque não sei escrever e muito menos amar.
Não consigo interpretar nem caligrafia nem peito. Por isso, sobre o amor parei de rabiscar.
Não irei escrever... muito menos por você.
Uma taça quebrou no chão do meu quarto.
Estatalou.
Mesmo depois de juntar os cacos, varrer e me livrar deles, eu vez ou outra ainda encontro um pedaço de vidro por aqui.
Hoje eu acordei e pensei que meu peito fosse rasgar-se e meu coração fosse a tua procura.
Hoje eu acordei com o peito rasgando, queimando, papocando.
O coração trovejando.
Hoje eu acordei e prendi meu coração dentro do peito.
A quem posso admitir que não estou bem e que não melhoro?
Eles podem me internar...
Podem cortar minha bebida,
Ou pior
Sentir pena.
Eu tenho que esconder a saudade por você.
Aguenta-la.
Segura-la.
Não suporta-la.
Meu amor virou sigilo, ele prende minha garganta, me faz chorar. Meu amor era uma mentira. Me tira o ar, o chão, me faz querer gritar.
Meu desejo é poder não mais acordar e de ti não lembrar.
Quem sou eu
- Maria Clara Rocha
- Clara.Idade: 19.Falar a verdade não careço de muita lógica. Ou de mim se gosta ou esquece. Por gosto mesmo ficava de papo pro ar. Mas o que me faz feliz e apetece é cheiro de vinho, cabelo lavado, de escrever poesia pulando os dias, de frapê e filme iugoslavo. Qualquer dia desses faço feito Santos Dumont e construo minha casa na árvore.
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“O que é pior: chegar ao fundo do poço ou continuar caindo?'' -Prá virar cinza minha brasa demora!-